O Que Fazer Com a Gamebox ???

Quem é casado ou vive maritalmente como eu, deve saber bem daquilo que vos vou falar: a eterna luta doméstica travada com as nossas consortes no dia de ir à bola !

A complexa teia de argumentos que tem de ser urdida, em muitos casos quase em cima da hora do próprio jogo, para justificar a nossa ida ao Estádio e o nosso regresso com um par de cornos e umas trombas descomunais em 7 de cada 10 vezes que lá vamos, tal a merda de resultados obtidos e a qualidade do futebol praticado, merecia pelo menos constar de alguns dos melhores manuais de retórica, pois posso-vos garantir que já tive de construir catedrais com palavras para poder passar da puta da ombreira da porta para a escada ( e por vezes há que repetir a dose para lograr chegar do corredor ao elevador ).

Só quem não tem a felicidade ( ou a infelicidade nalguns casos ) de partilhar o seu espaço com outra pessoa desconhece os contornos desta batalha travada tantas e tantas vezes em silêncio e ocultada dos amigos mais próximos - sobretudo quando chegamos à Roullote antes dos jogos - tal a vergonha com que assumimos que já se torna difícil para as nossas esposas e namoradas compreender porque é que continuamos a ir à "casa-mãe" se o cabrão do pai e dos irmãos nos dão porrada, nos tratam mal e nos deixam tristes e deprimidos.

Quem, como eu compra a game-box no início da temporada futebolística, também contrai de certa forma um matrimónio com o clube, um compromisso a médio / longo-prazo que dura toda uma época futebolística. A intenção a início é ser feliz e construir com o clube uma relação a dois que ser quer próspera nos afectos e nos sucessos que juntos pretendemos atingir. Mas este ano, e uma vez mais, o casamento vai durar pouco pois as promessas de amor-eterno começam já a desvanecer perante a não correspondência do Sporting ao amor que todos aqueles que casaram com ele este ano lhe dedicam.

Perante isto pergunto: o que fazer com a game-box ?

O ano passado a game box era uma caixinha, algo jeitosa onde um gajo ainda podia guardar uns parafusos, uns pregos, uns botões, sei lá. Era um paralelipípedo aprumado e com as cores do meu clube, pelo que o podia sempre exibir com orgulho mesmo que ele albergasse as latas da graxa Búfalo com que abrilhanto os chanatos uma vez por ano.

A malta via a box quando puxava o lustro às chuteiras à pressa antes de ir jogar uma pelada e costumava comentar surpreendida "Eh pá, é "memo" bacana a tua caixa da graxa. É do Sporting !"

Mas este ano, o que é que eu faço com a box ?

É que a box este ano é, em bom rigor, um saco, ou seja, um bag. Por isso se devia chamar game-bag e não game box.

E este saco de soro ou de sangue ou raio-que-o-parta, para além de nos remeter para o imaginário hospitalar pre e/ou post mortem, não tem a mesma utilidade e versatilidade da caixa do ano transacto, pelo que quando a temporada corre mal é tudo prejuízo.

Já tentei arranjar utlizações mil para o dito apetrecho mas nenhuma me pareceu verosímil:

Vou encher o saco de soro e levá-lo ao lar para o meu tio-avô que há já vários anos come um ao almoço e diz que é pitéu?

Vou com o saco à Adega Cooperativa de Aveiras para encher o saco com vinho tinto em vácuo e oferecê-lo a algum familiar lampião?

Posso sempre cortá-lo por cima e mandar lá para dentro dois ou três esguichos de cola de contacto e dar-lhe umas "grandas" snifadelas como parece fazer o Pál Serge quando após as partidas comenta as belas exibições que (só ele) viu o Sporting fazer.

Se essa for a solução para ver o meu Sporting praticar bom futebol e por fim conseguir dar algum uso ao triste saquinho então "bora" lá: TRAGAM A PATTEX !!!