segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Restart

O dia em que alguém que reconhecidamente não reunia as condições ( homógenas e exógenas ) necessárias para fazer um bom trabalho abdica do seu lugar, dando assim a outros a oportunidade para apresentarem as suas ideias para o clube por forma a tentarem contrariar a espiral descendente ( desportivo e não só ) em que o clube caiu, nunca pode ser um dia triste. Mas paradoxalmente também não é com alegria que vejo JEB sair, pois o seu confesso insucesso é o insucesso de todos nós e, em última análise, do nosso clube do coração, e eu ainda sou daqueles para quem a “derrota” de um sportinguista é sempre e também um bocadinho minha.

JEB é homem que sente o clube e que,não duvido, deu o seu melhor em prol deste, mas o seu melhor ficou na verdade muito aquém daquilo que se esperava e, pior do que isso, daquilo que se exigia.

Faço este ponto prévio porque entendo que nesta altura deve imperar o bom-senso e a ponderação. Não é tempo de embandeirar em arco nem de cantar vitória mas sim de reflectir seriamente e discutir sem rodeios os problemas reais do SCP num forum alargado onde todos os sportinguistas que queiram possam dar o seu contributo para voltar a reeguer o Sporting e evitar a sua queda definitiva num abismo chamado vulgaridade, pois se é verdade que não acredito no fim do clube, não é menos verdade que a vulgarização e a banalização do Sporting podem estar já ali ao virar da esquina para nos darem uma violenta pancada da qual dificilmente recuperaremos. É este portanto o dilema que enfentamos na hora presente.

Neste contexto a demissão de JEB não se trata de um fim mas sim de um princípio, pois o clube tem agora uma oportunidade única para encerrar ( e enterrar digo eu ) o putrefacto e infecto projecto Roquette e inaugurar uma nova era que não será fácil, na qual não existirão soluções milagrosas, mas onde a união e o fervor sportinguista serão a seiva fundamental para que o clube ganhe renovada vitalidade e o rugido do leão se faça ouvir de novo.

Há quem diga que JEB carregou o pesado fardo da presidência até ao dia em que conseguiu implementar o plano de reestruturação ( aprovada na passada semana ) e sentido que o seu hercúleo trabalho estava feito com enormes sacrifícios pessoais e profissionais, deitou a toalha ao chão, na 1ª oportunidade.
É ainda prematuro julgar o mérito do plano ora implementado mas o tempo encarregar-se-à de lhe fazer justiça ou de, ao contrário, ser o definitivo carrasco dos méritos de JEB no ideário sportinguista.

Mas JEB é agora passado e urge olhar para a frente para que a situação não se arraste indefinidamente e alastre para além dos gabinetes dos corpos gerentes do clube contaminando a equipas de futebol, andebol, futsal e de todas as outras modalidades que estão presentemente em prova envergando a nossa camisola e representado as nossas cores.

Atenção que não estou com isto a defender a via da cooptação, longe disso. Esse modelo está gasto e pode/deve ser usado com parcimónia, mas no SCP...parece que se cristalizou esta solução ao ponto de ser vista quase como uma sucessão dinástica que a ser adoptada agora iria, ab initio, inquinar o mundo sportinguista pois os que ainda defendem JEB e o seu trabalho veriam com bons olhos a cooptação ao passo que todos os outros defenderiam a realização de eleições antecipadas.

Mas podem perguntar os que advogam a via da cooptação: então se assim é porque é que se deve rejeitar liminarmente esta hipótese da cooptação e admitir sem reservas as via eleitoral ?
A resposta é quanto a mim simples: é que quem defende as eleições jamais se identificará com alguma das figuras cooptadas dada a sua proximidade a JEB e ao seu projecto, ficando assim indelevelmente órfãos de um presidente que os represente, ao passo que havendo eleições, a linha “ JEBista” ( por assim dizer ) terá a oportunidade de apresentar a votos um candidato que leve a sufrágio um projecto com essa matriz e que, a sair vencedor, poderá ser implementado com base na legitimidade democrática que lhe for eleitoralmente conferida.

Mais importante do que discutir nomes, importa sim discutir a ideias de cada um e todos com a mesma dignidade e respeito, sem “parti-pris” e só então fazer escolhas, mas escolhas esclarecidas e baseadas na razão e não em paixões ou ódios mais, ou menos, antigos.

São árduos os tempos que nos esperam, e é melhor estarmos todos preparados para as grandes dificuldades que se avizinham, mas ao menos agora temos a oportunidade de trilhar um novo caminho e depois de ultrapassada esta verdadeira idade das trevas conheceremos outra vez a glória e gritaremos bem alto SPORTING !

SL

Sem comentários:

Enviar um comentário