Por não ter tido a oportunidade de assisitr na totalidade aos esclarecimentos dados por Pedro Baltazar na passada sexta-feira aos sportinguistas em Alvalade, vou-me socorrer de algumas das coisas que disse ontem na sua entrevista à Antena 1 para fazer uma apreciação global do seu programa.
Pedro Baltazar voltou a mostrar na Sessão de Esclarecimentos da passada sexta que é alguém que pela sua condição de ex-accionista de referência da SAD, ex-administrador não executivo da mesma e ex-Conselheiro Leonino conhece bem os números do SCP bem como algumas coisas comprometedoras sobre a forma como funciona por dentro o clube.
A acusação que fez a Nobre Guedes de que teria assinado a venda de Liedson após ter consultado o Engº Godinho Lopes como se ele já fosse presidente do SCP é de uma gravidade tal que não entendo como é que passados tantos dias ainda ninguém a tenha vindo desmentir ( caso seja mentira ).
A facilidade com que atira “pedras aos telhados de outros” é uma marca indelével da campanha de Pedro Baltazar que não se coibe de acusar o Fundo de Bruno de Carvalho de ser um instrumento de lavagem de dinheiro, por exemplo, e isso é quanto a nós lamentável a todos os títulos, pois afasta o epicentro da discussão do essencial para o campo do fait-divers e do boato.
No que toca às ideias por si preconizadas para a equipa de futebol disse, quanto a mim, coisas muito certas a par de outras que parecem entrar directamente em contradição com o que defende no campo dos princípios.
Diz-nos que o SCP não pode entrar em locuras pelo facto de estar a atravessar um momento menos bom, e que isso implica não esquecer a realidade financeira do cube na hora de contratar.
Isso faz todo o sentido pois não podemos correr o risco de matar a planta com excesso de água, ou seja, com a sede de vencer a curto prazo não podemos cometer o erro de assumir encargos financeiros de tal ordem que o lastro se torne pesado demais ao ponto de nos poder arrastar para o fundo no minuto seguinte. Aí subscrevo.
No entanto não sei como se pode manter fiel a esta linha se nas suas cogitações surgem nomes como os de Pedro Léon, Adriano e Drenthe, jogadores que, para lá de caros, são no caso dos dois últimos reconhecidamente problemáticos devido a questões extra-futebol.
Já quanto ao treinador, PB revelou que Zico é uma escolha bastante económica, sendo que o seu salário será cerca de 40% daquele que auferia no Olympiakos, o seu último clube.
Esta escolha não é das que mais me desgrada uma vez que Zico poderia poderia até ser uma aposta interessante devido aos vastos conhecimentos que tem do mercado brasileiro ( aquele que, no fim de contas, produz por regra os jogadores com a melhor relação qualidade-preço ) porém as últimas experiências a nível técnico não foram marcadas pelo sucesso, tanto na Rússia como na Grécia e isso levanta entre os sportinguistas com quem tenho falado algumas reticências.
Já quanto ao homem forte para o futebol Pedro Baltazar “apresenta” Couceiro, e para quem criticou a apresentação por Dias Ferreira de Mário Patrício para as modalidades se calhar nem sequer se dá conta que aqui estamos perante um caso idêntico, e que apenas difere do de Mário Patrício porque José Couceiro não manifestou
publicamente o que pensa sobre este anúncio. O que Pedro Baltazar está a dizer é que conta com um actual funcionário do clube, mas falta ainda saber se Couceiro aceita fazer parte deste projecto.
Ele se calhar já sabe...mas quem vai votar somos nós.
Já em matéria de modalidades passámos de um extremo ao outro em poucas semanas, ou seja passámos de falar da extinção do futsal ao amor incondicional pelo ecletismo, mas acredito que isso tenha resultado mais das notórias dificuldades que o candidato tem em expressar-se em público do que propriamente em ter algum projecto de desmantelamento massivo das modalidades.
Neste particular o que Baltazar defende é que só um futebol ganhador pode alavancar o sucesso das modalidades, o que é entendível, contudo vai contra o rigor que se deveria exigir em todas as modalidades do clube em termos de auto-suficiência económica. Porém é interessante a opinião de Baltazar quanto a algumas modalidades menos visíveis para o público em geral mas que são as que mais atletas têm e as que aproximam os sócios do clube, a saber: a natação e a ginástica. Atendendo a isto Baltazar defende que estas modalidades mesmo que deficitárias em termos financeiros devem ser mantidas quase como um serviço público prestado pelo clube e que poderá significar ganhos a jusante com a fidelização dos atletas e praticantes destas modalidades, pois isso cria mística e identidade.
É uma teoria distinta das muitas que temos ouvido mas que não é totalmente desprovida de sentido.
Para terminar, algumas considerações sobre as notícias vindas a lume hoje de que Pedro Baltazar iria exigir de imediato os 5 milhões que tem a haver do SCP caso GL ou BdC sejam eleitos:
Sem me querer alongar muito e respeitando a posição de Pedro Baltazar enquanto credor do Sporting ( todos temos o direito a defender o que é nosso ), este é mais um tiro no pé deste candidato em semana de eleições, pois não só não avaliou em toda a sua dimensão o impacto das suas palavras junto dos sócios que, neste momento são pouco sensíveis às petições dos nossos credores ( acusados por muitos de estarem a meter o pé no pescoço do leão e a sufocá-lo com as suas elevadas exigências financeiras ) como se arrisca ainda a ser acusado de “chantagear” o eleitorado com este tipo de tiradas. O que é que ele está à espera ? Que nos solidarizemos com ele ou que tenhamos medo que ele peça os 5 milhões ao clube ?
Como se costuma dizer: se alguém te dever 5 mil euros tem um problema, mas se esse alguém te dever 5 milhões quem tem um problema és tu ! Esta velha máxima assenta aqui que nem uma luva.
SL
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